Desde o início que a prática habitual da UASP é a descentralização das Assembleias Gerais e Jornadas Culturais, assumindo as associadas a escolha do local da sua realização. Assim foi com a Assembleia do Outono, programada para 22 de Novembro em Calvão-Vagos, na Casa dos Missionários Combonianos. Vagos, município do distrito de Aveiro, remonta ao período romano. O termo “Vacuus”, como então se designava, associa-se aos amplos espaços abertos… Espaço rural, mas com relação à orla marítima. Calvão, freguesia desde Junho de 1933, tem cerca de 2.200 habitantes. Do seu património salienta-se a Igreja matriz do Coração de Jesus e o Colégio diocesano da Senhora da Apresentação. Foi neste ambiente campestre, temperado com cheiro a maresia, que os nossos Irmãos Combonianos nos acolheram na sua Casa familiar, erguida à beira da estrada 109.
No decurso dos vários ciclos de crescimento, agora a viver a adolescência dos 14 anos, a UASP manteve-se sempre fiel à sua Identidade e Missão. Assim sendo, tem procurado “reflectir sobre o momento que nos é dado viver”. Nesse sentido, realço os Retiros, Fóruns, as Jornadas Culturais com o firme propósito de consolidar a acção e a oração, a contemplação interior e exterior. Mas, que dizermos, então, do mais nobre projecto, realizado e intensamente vivido, “Por Mares dantes Navegados”?! Que, neste ano de 2025, concluiu o roteiro, antes sonhado, pelos novos países lusófonos, de Cabo Verde a Timor Lorosae! Saída para as periferias reais e existenciais, como nos exortava o saudoso Papa Francisco. Prosseguindo os caminhos que consolidam a sua identidade e missão, a direcção apresentou o “Plano de Actividades” para 2026 onde podemos destacar as Assembleias Gerais da Primavera e Outono, respectivamente, em Braga e Aveiro; as Jornadas Culturais em Vila Viçosa; os Passos de São Paulo na Turquia…
Após recordar, acima, pequenos trechos da história da UASP, regresso à Assembleia Geral do Outono, de 22 de Novembro último, que a precedê-la tivemos a graça de escutar, com elevado interesse, a palavra certa, do Padre Manuel Augusto, para “este tempo que nos é dado viver”.… Depois de prestar relevantes serviços à Igreja Católica e aos Missionários Combonianos, em Portugal e noutros países, como Provincial e Superior Geral, regressou às origens. Iniciou a brilhante comunicação, situando-nos no século XIX, quando emergiram, em força, os Institutos Missionários; 12 Masculinos e 7 Femininos! Na Europa era o tempo do Imperialismo e a Igreja de Roma combatia a secularização. A Sociedade estava a mudar. Então, os Institutos Missionários, em lugar de se fecharem, abriram-se corajosamente ao mundo e levaram o Evangelho aos pobres. O clero soube olhar para o Evangelho. Daniel Comboni dirigiu-se “apressadamente” para África. Entrou pelo Cairo, seguiu o Nilo, atravessou o deserto e chegou ao Sudão, Quénia e Congo… Continuando o seu pensamento, o orador, recordou-nos alguns documentos conciliares do Vaticano II; o decreto AD GENTES que relança a actividade missionária e muda profundamente o conceito de missão. Pelo baptismo todos somos missionários. E, sendo assim, a Comunidade Eclesial converte-se numa Comunidade de enviados. É preciso que toda a gente caminhe junta para que a Igreja encontre a sua raiz sinodal e samaritana. A Santa Sé não pode configurar tudo. Deve ajudar e animar as dioceses a organizarem-se e a darem mais serviços e responsabilidade aos leigos. Nesse sentido, face aos tempos e necessidades presentes, o modelo de padre deve mudar. A “Constituição Pastoral – a Igreja no mundo actual”, é um documento conciliar que pretende expor as relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje.
Os Missionários Combonianos e outros Institutos Religiosos e Ordens Religiosas continuam em África onde os recentes relatórios nos informam sobre o aumento significativo de cristãos perseguidos, dos assassinatos, prisões, sequestros e ataques a igrejas, principalmente na Nigéria, Sudão e Moçambique… Sabemos que na falta de sacerdotes são os catequistas, homens e mulheres, “Os rostos da Igreja”. Verdadeiros Missionários que percorrem caminhos difíceis para levarem a Palavra de Deus às comunidades mais isoladas, aldeias esquecidas onde quase mais ninguém chega! À falta de instalações, a “sombra de uma árvore generosa é suficiente”! Na viagem missionária da UASP a Moçambique ouvimos, também, o relato desses testemunhos. O Sudão onde Daniel Comboni, como heróico missionário e Bispo de Cartum, entregou inteiramente a sua vida a favor do povo, dos Irmãos e da Igreja de Jesus Cristo, vive actualmente uma dramática catástrofe humanitária. O missionário comboniano Carlassare, Bispo da nova diocese de Bentiu, lamenta a existência do “contexto do medo, violência e morte”. Em Abril de 2021, já nomeado bispo pelo Papa Francisco, foi gravemente ferido a tiro durante um ataque terrorista à sua residência. O povo e a Igreja do Sudão do Sul precisam de Paz. Em Fevereiro de 2023 o Papa Francisco visitou este novo país. Teve como principal objectivo promover a Paz, o perdão, a tolerância e a reconciliação. Mas, infelizmente, o país mais jovem do mundo, com 11.381.000 habitantes, cerca de 52% são católicos, continua em grande sofrimento. E a única certeza “é a de que o caminho para a democracia, a paz e o desenvolvimento ainda é muito longo…”
Concluídos os trabalhos programados para este dia ficou, igualmente, cumprido o “Plano de Actividades” anual, apresentado pela Direcção na Casa dos Missionários da Consolata, em Fátima, na Assembleia Geral Eleitoral de 23 de Novembro de 2024. E, também, no ano em curso cumpriu-se, inteiramente, o projecto missionário, anos antes sonhado, “Por Mares dantes navegados”. É tempo de darmos graças a Deus, porque 2025 foi um Ano abençoado.
E a meio da tarde, confortados com o almoço familiar, de franco convívio e animada confraternização, regressámos felizes e agradecidos às nossas terras…
Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)



