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Domingo, Outubro 13, 2024

Jerusalém edificada como cidade inabalável_Parte 2

Por Luis Matias (ASDL)

Encontrámos uma nascente de um dos afluentes do rio Jordão, num parque florestal bem bonito, bem sombrio (no bom sentido), a contrariar simpaticamente o que ditavam os termómetros. Umas quedas de água, muito cristalina, a gerarem rápidos e lagos pela montanha abaixo. E fomos para Nazareth.

Conhecemos todos estes locais, visualizamo-los pelas escrituras, ao longo da nossa vida. Estar aqui, é outra coisa. As ruínas da casa onde viviam José, Maria e Jesus, lá estão, preservadas sob uma moderníssima catedral, católica, dos Franciscanos. A igreja é fabulosa; muito bem projectada, com 3 níveis e as ruínas dentro e fora, estão absolutamente integradas. Mas o complexo tem mais: outra igreja grande, de S. José; jardins e extenso logradouro e um hotel, tudo fazendo parte do mesmo complexo. Está numa zona elevada da cidade, que é a maior cidade árabe de Israel. É governada pelos palestinianos da Fathá, mas é muito segura. Aliás, em todos os locais de Israel, incluindo a Cisjordânia, segurança total nas ruas. Pode andar-se à vontade, a qualquer hora do dia ou da noite, sem nenhum problema. Nesta e em todas as cidades (com excepção, naturalmente, da zona de conflito que ainda resta, a Faixa de Gaza, onde não fomos nem próximo).

Em Nazareth, celebrámos a Eucaristia na igreja de S. José, e tivemos a oportunidade de participar numa procissão com recitação do Rosário, às 21:30, também verdadeiramente cosmopolita (em hebraico, italiano, Português, árabe, inglês, francês e num idioma oriental). Bonita cerimónia. Ali pudemos também falar em português com uma equipa da Canção Nova. Participaram na nossa Eucaristia. Estão ali residentes e a iniciar uma comunidade tecnológica, no âmbito do seu carisma.

E daqui, fomos percorrer Israel até ao profundo sul. Passámos no rio Jordão, no local que a tradição identifica como o local do Baptismo de Jesus. Entrámos no rio, e o António Agostinho fez um verdadeiro re-baptismo, quase de emersão, muito bem assessorado. O rio quase não corre, água praticamente parada e barrenta, muitos mosteiros à volta, sobretudo ortodoxos; do lado de Israel e do lado da Jordânia. O rio é a fronteira, e pode passar-se nos escassos 10 metros, a pé. Seguimos viagem, chegámos ao Mar Morto. Passámos e nele nos mantivemos sempre, junto à fronteira com a Jordânia, o deserto de Israel, que representa cerca de 60% da sua superfície. Mas produzem muitas culturas no deserto, com o mais avançado sistema de rega do mundo. Passámos em Jericó, visitámos as ruínas (dizem que mais antigas do mundo), molhámos os pés na fonte, e apanhámos um raspanete de um árabe. Ainda que o velho Zaqueu não tenha por ali deixado grandes pertences para ver hoje, deixou uma bela história à humanidade, de humanidade. “Desce daí; ainda hoje jantarei na tua casa”. E tirámos uma foto de 30 navegadores, debaixo do Sicómoro, raro, que hoje se sinaliza como o dito. Claro que o importante não é se foi ou não aquele; não foi com certeza, como muitos outros lugares que hoje se atribuem… o valor é bem outro!

Ladeámos o Mar Morto, fabulosamente azul e calmo, fantasmagórico, sempre avistando na outra margem os montes e cidades da Jordânia. Parámos e almoçámos em Qumran, onde foram encontrados os “manuscritos do Mar Morto”. Conferimos com algum detalhe a história desta descoberta, que completaríamos mais tarde no museu de Jerusalém. Passámos às cidades turísticas do grande lago salgado, que reside a 430 metros abaixo do nível do mar, passámos nas grandes indústrias ligadas a este Mar e chagámos ao fundo de Israel, junto ao Mar Vermelho. Na cidade fronteiriça, só se passa para o Egipto a pé. Muito controle e, finalmente, sob um intenso calor, aguardava-nos do outro lado, outro autocarro e outro guia. Estávamos na Península do Sinai. Descemos na margem do estreito Mar Vermelho, e na outra margem termina a Jordânia e começa a Arábia Saudita. Nós fletimos para o interior e quase no fundo da península do Sinai, chegámos para jantar em Santa Catarina, no sopé do monte Sinai.

Os que se sentiram com condições físicas adequadas à subida, e às quais tiveram de juntar um misto de forte vontade e deslumbramento pelo desconhecido, apresentaram-se no exterior do hotel à meia-noite. Uma curta viagem de autocarro colocou-nos junto ao mosteiro ortodoxo, que visitámos no dia seguinte, no sopé do Monte onde Moisés recebeu as Tábuas da Lei. Iniciámos a subida (11 de nós), com o objectivo de chegar ao cimo e ver o nascer do sol. De facto, o aviso das dificuldades que, previamente, havíamos recebido, estavam aquém das verdadeiras dificuldades do empreendimento. Foi duro, sobretudo a última parte, a que eles chamam escadas mas que, de facto, são pedras desalinhas embora com o intuito de facilitarem a passagem. E chegámos às 4:18 h, os primeiros e cerca de 15 minutos os últimos. Vimos e fotografámos o nascer do sol e as altas e agrestes montanhas do deserto, fizemos uma oração a partir da leitura do Antigo Testamento, alusiva ao lugar, e descemos. Apesar do calor começar a apertar, a descida foi mais cordial. E chegámos ao hotel (em cuja cama nem dormi), na hora do pequeno almoço. Abundante e variado, como aliás todas as refeições em todos os locais. E depois da visita ao mosteiro ortodoxo fizemos a viagem de regresso.

Outra vez os exaustivos procedimentos da fronteira, mesmo junto à água do Mar Vermelho, almoço do lado de Israel, e regresso com uma curta mas maravilhosa paragem mais acima, no Mar Morto, onde pudemos experimentar aquele maravilhoso azul do infinito, tonalizado de um branco prata dado pela concentração do sal. Mergulhámos pés na água, colhemos recordações de água e sal e seguimos para Belém. (Continua)

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