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Sexta-feira, Outubro 03, 2025

UASP – ADASA, JORNADAS CULTURAIS EM AVEIRO

Em boa hora, e desde o início que a UASP colocou no seu roteiro de atividades permanentes as “JORNADAS CULTURAIS”, que bem fazem jus ao nome, além de constituírem um dos momentos altos de participação e vínculo das associadas ao projeto global UASP neste desígnio do passado que nos une: o facto de sermos antigos alunos de seminários portugueses ou de, não o tendo sido, estarmos conectados com eles.

A riqueza que tem constituído para todos nós esta interação anual, não tem qualificação mensurável, porque tanto o é no domínio físico da realização dos variadíssimos programas que temos seguido, como o é também no domínio afetivo e da vivência e convivência individual e coletiva dos participantes.

Cada uma das jornadas que temos vivido em cada ano (pelo menos falando por mim), sempre nos deixam com uma estranha sensação de inabilidade para o futuro, porque nos assalta esse estranho sentimento de que é difícil fazer melhor, e alguém vai ter de o fazer. Mas também em cada ano aprendemos que a superação no ano seguinte não se tem feito à custa de um melhor posicionamento num ranking, mas na diferença.

Foi o que aconteceu mais uma vez nos dias 19 a 21 de setembro em Aveiro.

A ADASA – Associação Dos Antigos Alunos do Seminário de Aveiro propôs-se organizar as jornadas culturais de 2025.

Eu estou “farto” de conhecer Aveiro. Pensava eu. É que, depois de uma magistral lição viva sobre Aveiro, fiquei com a sensação de que, afinal, não só não conhecia, mas tenho ainda muito mais para conhecer depois deste fantástico propedêutico introdutório à riqueza desta cidade e arredores. A ADASA proporcionou-nos um fantástico roteiro, doutamente apoiado por quem sabe das coisas, conseguindo deixar-nos no fim este “doce-amargo” de humildade sobre o que sabíamos deste manancial, e sobre o que nos falta saber. A rematar em grande o dito sabor “doce-amargo”, está a magistral intimação de que: “voltem, estamos cá sempre para vos acolher e vos mostrar o que não viram”.

Na sexta-feira ao fim do dia, o acolhimento foi feito na Universidade de Aveiro, instituição bandeira da região e do país, por um responsável, ele próprio antigo aluno desta também enorme instituição, que são os seminários portugueses (neste caso membro da ADASA). E seguiu-se o jantar e encaminhamento para os respetivos alojamentos.

No sábado, dia central das jornadas, os 58 participantes vindos de muitos pontos do país saíram de autocarro para um périplo pela região, começando pelo Museu Marítimo, onde pudemos visitar as atividades principais ligadas ao mar, desenvolvidas na região de Aveiro e por esse mar adentro no Atlântico Norte, revividas pelas claras descrições de um excelente guia que nos orientou nessa viagem. Aliás, em todos os museus que visitámos, foi uma constante: o papel dos conhecedores profundos das respetivas matérias das mostras. Não quero chamar “guias”, porque, de facto, não foram os habituais acompanhantes de turistas, foram sempre doutos conhecedores dos locais e das respetivas mostras.

Dali, passámos ao fabuloso museu da Vista Alegre. Um museu vivo, de um visionário desde o advento da revolução industrial que, em muitos aspetos, ainda antes da revolução industrial, a superou. E fê-lo com tal solidez que, hoje, as suas instruções e filosofia de vida, funcionam da mesma forma. Além de tudo o que vimos neste museu, pudemos também constatá-lo no entusiasmo e na dinâmica do nosso guia, na sua adesão aos princípios dessa portentosa organização de porcelanas presentes em todo o mundo, na mesa de todos os reis e presidentes, como na mesa de gente comum.

O faustoso almoço com diversas iguarias, mas centrado à volta de delicioso leitão, na terra onde ele é famoso, e na simpática Associação Póvoa Com-Vida, recompuseram as energias para a longa e frutuosa tarde de sábado.

Ali, nas proximidades, visitámos a distinta e vanguardista igreja de Nossa Senhora de Fátima, construída na década de 60 do século passado, sob as então recentíssimas normas e diretivas do Concílio Vaticano II. Começámos a visita com a entoação do Hino da UASP (da autoria do saudoso Pe. Jerónimo Rocha Monteiro), aproveitando o órgão ali presente para acompanhamento. E fomos detalhadamente informados da descrição do caderno de encargos da arquitetura da igreja, que reporta com minúcia cada elemento da construção e, portanto, da filosofia que presidiu ao conceito arquitetónico e respetivos elementos sacros que o inspirou. Tem lógica e faz todo o sentido, explicada. A Igreja, do arquiteto Luís Cunha, com mais de 60 anos, continua um símbolo de modernidade e vanguardismo.

Após uma passagem rápida pelo 2º Seminário de Aveiro (1804), em Requeixo, dirigimo-nos ao Museu da Cidade, outra preciosidade que nos obriga a uma segunda visita, pela sua dimensão e, porque, o escasso tempo, determinou uma visita superficial. Tínhamos, a seguir, aí sim, uma detalhada e aliciante viagem de “Moliceiro” pelos canais de Aveiro, em dois barcos que antes recolhiam moliço (algas marinhas que fertilizavam os solos arenosos do aluvião), condimentada pelas explicações, brejeirice e boa disposição dos barqueiros, que finalizou no cais da “fábrica”, uma enorme cerâmica transformada num excelente centro de congressos. Ali fizemos foto de família, e voltámos a casa, o belíssimo Seminário de Santa Joana Princesa.

Um excelente jantar, com a presença do Bispo de Aveiro, D. António Manuel Monteiro Ramos, animado com um participado momento musical assegurado por antigos alunos dos seminários.

No domingo, participámos na celebração da Eucaristia na Sé de Aveiro. Após a Missa, seguiu-se uma detalhada visita ao Museu de Santa Joana Princesa onde, mais uma vez, foi patente a riqueza do museu e a história do convento onde está instalado e reside em descanso eterno a sua principal protagonista, Santa Joana Princesa (padroeira da cidade e que também dá nome ao Seminário). Ali fomos surpreendidos com detalhado e douto enquadramento histórico que, a mim, me levou a ver de outra forma a arte barroca.

No regresso a casa, a caminhar, demos uma volta pelo centro antigo da cidade, com detalhada explicação e enquadramento pelo nosso anfitrião presidente da ADASA, o Manuel Sousa que, entretanto, nos conduziu ao repasto final, que culminou em nova foto de grupo na fronte da casa que nos acolheu, e desembocou nos fraternos, sentidos e apertados abraços finais da efusiva despedida geral para regresso a casa.

 

Obrigado ADASA por nos proporcionar um tão intenso, emotivo, afetivo e rico encontro e, obrigado UASP por tão grande intuição inicial para esta atividade tão rica e agregadora.

Luís Matias, ASDL

26/09/2025

 

One thought on “UASP – ADASA, JORNADAS CULTURAIS EM AVEIRO

  1. Saudações fraternas, caros amigos e companheiros
    Acabei de ler, com muito agrado, a excelente crónica do Luís Matias sobre a excelente organização das Jornadas Culturais na linda região de Aveiro. Depois de acompanhar, virtualmente, os participantes dei comigo a lamentar a minha desistência de última hora… Sei que Timor foi lembrado, através da música, o que acaba por me animar! Graças a Deus já recuperei dessa inesquecível viagem, após dois meses a beneficiar da brisa marítima e do iodo do sargaço que o Mar oferece aos residentes da Vila da Apúlia…..
    Abraço amigo e fraterno
    Alfredo

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