Deus, vivendo em Si Mesmo, na intimidade e reciprocidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e querendo dar-Se em comunhão fora de Si Mesmo, pôs em marcha uma dinâmica criativa, que terá começado há mais de catorze mil milhões de anos, para, recentemente, na exuberante fantasia do Seu Amor, nos fazer chegar ao conhecimento do Seu Mistério.
Mas este processo não foi linear! Quando teve consciência de si mesma, a Humanidade preferiu seguir outro caminho, deixando-se seduzir pela dúvida sobre as reais intenções de Deus, e entrou em perda… Contudo, Aquele que nos pensou à Sua imagem e semelhança, não nos abandonou nem desistiu de nós, bem pelo contrário, lançou um projecto de salvação, revelou-Se na história de um Povo – o de Israel – e, por fim, assumindo a nossa condição, mostrou-nos a verdade do Seu amor!
No tempo por Ele determinado, depois de ter alimentado a esperança do Seu Povo, tantas vezes rebelde, levou, às últimas consequências, esta revelação, cumprindo, de modo excessivo, todas as suas Promessas em Seu Filho! Este, vindo do seio da Trindade, onde a reciprocidade das relações é vivida em total doação e entrega, reinventou, na obediência ao Pai, o caminho trilhado pela Humanidade, ferida pela desobediência, e, onde encontrou suspeição, inveja, egoísmo, ódio e morte, fez-Se entrega, confiança, serviço, amor, perdão e vida!
E, na véspera da grande festa judaica, à mesa com os discípulos, expõe-Se totalmente, dando-nos a conhecer os Seus mais íntimos sentimentos que definem, para o tempo e para a eternidade, o valor e alcance dos Seus gestos e atitudes. “Ardentemente deseja” (Lc 22, 15), aquela é a Sua hora, a hora da consumação do projecto da Santíssima Trindade! À maldade humana, à nossa recusa e indiferença, responde o Filho do Eterno Pai com um gesto de amor sem igual, que nos reconcilia com Ele e nos dá acesso à Sua vida íntima pela força do Espírito Santo.
Foi para cumprir este projecto que Jesus se dirigiu decididamente (Lc 9,51) para Jerusalém e desejou – e deseja (!) – ardentemente “comer a Páscoa connosco”, para atrair o olhar e o coração de todos os homens e mulheres de boa vontade, e fazer-nos experimentar a seriedade, grandeza e beleza do amor de Deus Pai por todos nós, oferecido em comunhão por seu Filho na alegria do Espírito Santo.
Santas Festas Pascais!
P. Armindo Janeiro
Belo texto teológico e repleto de espiritualidade para reflexão neste tempo pascal. A Associação dos antigos alunos franciscanos agradecem e retribuem à Direcção da UASP os votos de Santa Páscoa, extensivos a todas as associadas e respectivas famílias.
Abraço amigo e fraterno de Paz e Bem
Alfredo
Grande reflexão! Interessante encadeamento teológico da história da salvação ! Parabéns Pe Armindo. Uma Santa Páscoa da AAACombonianos.