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Domingo, Outubro 13, 2024

Ser Igreja sinodal, como?

Embora São João Crisóstomo, falecido em 407, tenha afirmado que a palavra sínodo é nome da Igreja por significar, etimologicamente, “caminhar juntos”, o certo é que só recentemente e por decisão do Papa Francisco, esta palavra alcançou, para toda a Igreja, o seu verdadeiro significado!

E quanto a pô-lo em prática, estamos certos, não levará outro tanto tempo, mas será, sem dúvida, um trabalho exigente, quer para nós quer para as próximas gerações. Em 2015, ao celebrar os 50 anos da instituição do “Sínodo dos Bispos”, o Papa Francisco afirmava que o caminho da sinodalidade “é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milénio”.

Olhando mais de perto para o Pós-concílio, vemos que a sinodalidade foi restringida à colegialidade episcopal, ou seja, neste período os Papas, através dos vários sínodos dos Bispos, apenas consultaram o Colégio Episcopal; agora, porém, Francisco, com o processo sinodal, alargou a consulta a todos os fiéis, para juntar à colegialidade episcopal, o “sentir da fé” de todo o Povo de Deus, implicando-o e motivando-o à participação no discernimento do caminho que a Igreja deve seguir no anúncio do Evangelho.

Deste modo, Francisco pôs em prática a sinodalidade: com coragem e ousadia, deu início a um dinamismo que se quer progressivo, paciente e persistente, capaz de vencer resistências e inércias instaladas, para que a Igreja passe de um modelo clerical ao modelo sinodal. Segundo a imagem usada por Jesus (Mc 2,18-22), vamos precisar de “odres novos” para acolher este “vinho novo”!

Contudo, bem o sabemos, este novo modelo não acontecerá por delegação nem por decreto, mas antes por acção do Espírito Santo. Só Ele pode iluminar o caminho do discernimento sinodal e impulsionar a renovação das mentalidades e das estruturas eclesiásticas e pastorais. Temos de reconhecer que, passado meio século sobre o encerramento do II Concílio do Vaticano, ainda nos falta cumprir muito do seu espírito e programa proféticos!

Todavia, a dimensão e novidade da tarefa que o Papa nos confia, pode levar alguns a entusiasmos fáceis e outros a pessimismos excessivos. Neste contexto, para ajudar a gerir expectativas, importa lançar mão do princípio da subsidiariedade, pois acontece sínodo onde dois ou três se reunirem em nome do Senhor (Mt 18,20) e, da reflexão feita, puserem em prática o que estiver ao seu alcance, enviando para outros níveis de decisão e acção o que não pode ser resolvido apenas por alguns.

Este princípio, se por um lado permite salvaguardar a unidade na Igreja, por outro, favorece o aparecimento de novos dinamismos locais, pois a escuta mútua dos sinais dos tempos, sob a acção do Espírito Santo, faz despontar a criatividade e o compromisso com situações concretas que pedem resposta.

Convidamos, pois, todos os interessados em colaborar nesta consulta alargada, promovida pelo Papa Francisco, a organizar ou a inserir-se em grupos sinodais.

P. Armindo Janeiro

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